Orientar as crianças sobre drogas caracteriza-se por uma atitude de prevenção. Em muitos casos, as informações e as orientações adequadas representam fatores que diminuem a probabilidade de abuso de drogas na adolescência e na idade adulta.
Por outro lado,
conversar e informar sobre o assunto, muitas vezes, não é o suficiente. Os pais
e a escola, ao realizarem ações voltadas à prevenção, precisam considerar a
realidade infantil. É preciso perceber se as crianças estão entendendo o que
está sendo dito e se aquelas informações fazem sentido para elas. Perguntas
como: “Você entendeu o que lhe expliquei?” ou “O que você achou do que lhe
disse?” podem ajudar. É muito mais importante abordar os riscos do uso de
substâncias, referindo produtos visíveis no cotidiano, como cigarros, bebidas
alcoólicas, produtos de limpeza, medicamentos, do que aquelas que a criança
nunca tenha ouvido falar.
Prevenção na
infância
A
prevenção objetiva fornecer informações e educar as crianças a adotarem hábitos
saudáveis e protetores em suas vidas. Prevenir o uso de substâncias envolve o
desenvolvimento de ações desde a infância e promovidas durante toda a
vida.
A literatura sobre o
assunto ressalta algumas condições que podem favorecer o consumo de substâncias.
Tais condições geralmente representam fatores de risco e que aumentam a
possibilidade de ocorrência de resultados negativos para a saúde, o bem-estar e
o desempenho social. Aqueles aspectos que diminuem a probabilidade do uso de
drogas são denominados fatores de proteção. Neste caso, proteger envolve
oferecer condições de crescimento e de desenvolvimento, de amparo e de
fortalecimento do indivíduo em formação.
Exemplos de fatores
de risco podem ser:
- Uso, abuso ou
dependência de drogas pelos pais;
- Relacionamento
deficitário e conflituoso com estes;
- Falta de diálogo,
comunicação e afeto;
- Relações
excessivamente rígidas ou permissivas na família;
- Falta de limites e
regras;
- Fácil acesso às
drogas;
- Falta de políticas
de prevenção na sociedade;
- Despreparo dos
profissionais perante o assunto.
São exemplos de
fatores de proteção:
- Relacionamento
afetivo e de confiança com os pais;
- Exercício de
colocação de limites por parte dos pais;
- Monitoramento e
supervisão familiar;
- Baixo conflito
entre o casal e ambiente familiar estável;
- Participação dos
familiares em atividades sociais;
- Investimentos
sociais e de saúde eficazes;
- Bom relacionamento
interpessoal;
- Comportamentos
saudáveis.
Importância da relação com os pais/
cuidadores e família
Atualmente, muito já
se conhece sobre os fatores que podem contribuir ou não para o consumo de
substâncias psicoativas. Dentre estes fatores está o envolvimento com os pais.
Estudos tem demonstrado então, que a combinação de alguns aspectos podem
representar risco para o uso de drogas, como por exemplo: ausência de
investimento nos vínculos que unem pais e filhos; práticas disciplinares
inconsistentes ou de punição; excessiva permissividade, com dificuldades de
estabelecer limites e tendência à superproteção; educação autoritária associada
a pouco cuidado e pouca afetividade nas relações; conflitos familiares com
dificuldades de negociação.
Por isso, é
importante demonstrar e expressar amor, manifestar flexibilidade e capacidade de
negociação, quando for possível, estimular autonomia e independência dos filhos
no desenvolvimento de tarefas, favorecendo a autoestima. Além disso, ser um bom
modelo comportamental é de fundamental importância. Muito mais do que seguir
conselhos ou orientações, os filhos tendem a imitar as atitudes dos pais.
O uso de drogas na
infância
Embora não seja
comum, algumas crianças iniciam precocemente o uso de drogas. O problema
potencial disto é que quanto mais cedo se faz o consumo de drogas, maior é a
probabilidade de fazer abuso e ou tornar-se dependente durante a adolescência.
Crianças desabrigadas
e que moram nas ruas são particularmente vulneráveis ao consumo de drogas,
principalmente de inalantes (como a cola de sapateiro). O consumo nestes casos
acaba sendo uma forma de amenizar a fome, a ansiedade além de uma maneira de
enfrentar outras situações difíceis do dia-a-dia. Políticas públicas eficientes
que ofereçam suporte em rede a essas crianças e suas famílias são
imprescindíveis.
Nem sempre é fácil
crescer e amadurecer, mas a infância pode ser uma fase de aprendizado para lidar
com momentos difíceis sem se expor a danos. A prática de esportes com amigos,
tocar algum instrumento em uma banda, participar de atividades depois das aulas,
entre outros podem proteger as crianças do uso de drogas.
Fonte: Texto de Mariana Benchaya no site vivavoz - vivavozufcpa.edu.br
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