terça-feira, 7 de agosto de 2012

A MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA


Podemos dizer que é afortunada a criança a quem a mãe, desde seus primeiros dias de vida, proporciona experiências musicais. Essas primeiras experiências contribuem para que mais tarde ela tome gosto pela Música. A Música, como qualquer outra Arte, é cheia de significado, quando é primeiro "aprendida" e não "ensinada". O divertimento vem primeiro; a técnica o segue. O amor pela Música pode ser desenvolvido desde os primeiros dias estendendo-se por toda a infância.

O que é Arte ? Como e a quem traz vantagens ? Podemos dizer que a Arte é simplesmente um meio de criar, de fazer coisas que concorrem para tornar a nossa vida diária mais agradável, mais satisfatória. Toda pessoa, ainda que variando a maneira e a intensidade, é, ao mesmo tempo, um artista e um apreciador de Arte. Como artista, é o executor que combina a perícia com sensibilidade às qualidades das coisas. Tanto a execução como o resultado lhe trazem satisfação. Se alguém admira seu trabalho, ele está pronto a dizer: "Passei momentos maravilhosos fazendo isto". Como apreciador de Arte, está continuamente refletindo sua sensibilidade nas obras que seleciona e adquire para seu próprio uso e satisfação. Seja ele artista ou apreciador, o motivo que o impele é o mesmo: buscar experiências que sejam interessantes, variadas, expressivas e satisfatórias. Assim a Arte não está ligada a alguma coisa remota, a algo que tenha de ser visto ou ouvido em passeios ocasionais a museus ou salões de concerto. A Arte é um modo de vida que contribui para o divertimento e satisfação no lar, na vizinhança, na escola e na comunidade.

A Música é uma Arte séria que deve ser ensinada às crianças ou uma série de deliciosas experiências a serem compartilhadas com elas? Quantos adultos já não terão acompanhado o desenvolvimento de seus filhos e crescido também com eles através do prazer proporcionado pela Música?

O tradicional método das lições formais para iniciar o ensino da Música vem sendo usado logo que a criança, conseguindo alcançar o banco do piano, encontra prazer primeiro nos sons que ela mesma tira e, mais tarde, nos acompanhamentos rítmicos para as suas canções. Uma criança tocou no piano, com um dedo de cada mão, e conseguiu uma agradável combinação; chamou a mãe e disse-lhe: "Não é bonito?" Este entusiasmo, em vez de ser participado pela família, foi interpretado como significativo gosto para as lições. Assim a criança foi levada a um professor de piano para a sistemática introdução dos primeiros conhecimentos musicais. O que ela realmente desejava era ter oportunidade de, tocando e ouvindo, criar novas combinações sonoras agradáveis. Viu-se, no entanto, obrigada a estudar e praticar para fins tão remotos, que perdeu o interesse e a Música tornou-se uma obrigação em vez de um prazer.

Há, naturalmente, uma ocasião em que os ensinamentos de um técnico serão muito importantes no desenvolvimento artístico da criança. Agora, como pequena artista que é, está mais interessada em tocar livremente do que em ficar sob os cuidados de um mestre. É tal qual a criança que, quando interrogada sobre o novo livro que recebeu, retrucou solenemente: "Ele fala muito mais sobre os pingüins do que eu desejaria saber". Talvez nesses primeiros anos de vida da criança seja o adulto que necessite recuperar sua perícia nos instrumentos a que se dedicou há anos atrás. Seus esforços de amador serão bem recompensados pela satisfação de proporcionar maiores oportunidades à família de se divertir com a Música. Para o pai que já é um verdadeiro musicista, há a oportunidade assaz agradável de descobrir quais as músicas que serão apreciadas, não só pelos adultos como também pelas crianças.

Os pesquisadores da Música e os especialistas no desenvolvimento da criança chegaram à conclusão de que o divertimento pela Música, é mais importante do que a imposição de técnicas na primeira infância. As lições propriamente da Música. devem ser proporcionadas à criança dos oito anos de idade em diante, dependendo de que ela deseje, realmente, aprender, tenha boa saúde, coordenação-motora, seja ajustada social e emocionalmente, e outras condições.

Fonte: Helen Christianson, em The Child's Treasury. Tradução de Dinah Bezerra de Menezes, Coleção "O Mundo da Criança", Editora Delta, Rio de Janeiro, texto original no site Portal da Família - www.portaldafamilia.org.br

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